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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Crise: jornal espanhol Público pede concordata

Publicado no El País, traduzido para a Carta Maior por Marco Aurélio Weissheimer

Mediapubli, a empresa editora do jornal Público, da Espanha, apresentou na manhã da última quinta-feira (5), perante a Junta Comercial de Barcelona, a solicitação de declaração de “concurso voluntário de credores” (antiga suspensão de pagamentos, algo similar a um pedido de concordata), segundo informou o próprio jornal, dirigido por Jaume Roures, executivo máximo da produtora Mediapro.
A empresa justificou a medida pela “intensificação da crise publicitária, pela profunda transformação que está sofrendo o setor de imprensa escrita e as dificuldades para ter acesso a novos financiamentos”. O pedido, anunciou ainda a empresa, pretende “salvaguardar da melhor forma possível os interesses de todas as partes afetadas”. A solicitação também foi apresentada conjuntamente para a empresa filial, editora do periódico La Voz de Asturias, e de sua edição digital.

O Público nasceu em setembro de 2007 e, segundo os últimos dados publicados pelo Escritório de Justificação da Difusão, correspondentes ao mês de novembro de 2011, sua circulação é de 82.691 exemplares. Desde seu lançamento, a empresa implementou vários planos para ajustar os custos de produção e cortar gastos.
O expediente de regulação de emprego iniciado em setembro passado teve como resultado 30 demissões incentivadas e um rebaixamento salarial dos trabalhadores.
Mas, “apesar dos crescimentos obtidos no índice de leitura e difusão por Público e Público.es desde seu lançamento em setembro de 2007 e a contenção de perdas nos últimos exercícios, o aprofundamento da crise financeira, publicitária e estrutural na imprensa escrita torna inevitável escolher o concurso de credores como ferramenta de reestruturação para procurar a viabilidade futura do projeto”, disse a empresa.
O instrumento do “concurso voluntário” permite manter os gestores à frente da empresa e evitar os embargos preventivos de patrimônio. O objetivo da medida é dar uma satisfação aos credores e permitir que a empresa continue com sua atividade. Para isso, se suspende temporariamente o pagamento das dívidas, salvo aquelas derivadas do imposto de renda ou as quotas da Seguridade Social de seus trabalhadores.
A partir da vigência da medida, uma administração judicial passa a supervisionar as contas da empresa e sua equipe diretiva que, por sua vez, deve apresentar uma proposta de acordo (convênio) para cumprir os compromissos com os credores. Na hora de pagar, se estabelece uma ordem de prioridades.
Os primeiros da fila são a própria administração, os credores com garantias hipotecárias e os trabalhadores. Basta que 80% dos credores deem seu visto positivo para se aprove o convênio. Em caso contrário, ou se o acordo for descumprido, realiza-se a liquidação da empresa.

Em uma carta publicada na edição digital do jornal, seu diretor, Jesús Maraña, assegura que “a busca de empréstimos financeiros nos últimos meses, e até o dia de ontem, resultou infrutífera”.
E acrescenta que os problemas pelos quais atravessa o diário não derivam “da mudança política surgida das últimas eleições”.

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