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segunda-feira, 29 de março de 2010

Maior utilização da mídia é defendida para promover língua portuguesa

Por Daise Lisboa, do portal Portugal Digital

"É comum vermos, em Bissau, as pessoas com seus radinhos, pelas ruas. É um objeto de fácil aquisição. Lá se compra um rádio de pilhas por uma quantia equivalente a R$ 10,00. Por isso, acreditamos que o rádio ainda é um grande instrumento que pode ser utilizado na divulgação da língua portuguesa em muitas comunidades", defendeu Sónia Rocha, coordenadora de assuntos culturais do Centro Cultural Brasil-Guiné-Bissau.
O discurso da representante da Guiné Bissau na conferência sobre o futuro da Língua Portuguesa no mundo defendeu maior visibilidade da língua portuguesa a nível internacional. Sónia Rocha citou como exemplo o trabalho que vem fazendo em Bissau, na rádio católica Sol Mansi – que quer dizer amanhecer, no dialeto crioulo.
Sónia é responsável por colocar no ar um programa semanal, de 40 minutos, das 18h30 às 19h10, sempre às sextas-feiras. "O programa é dirigido ao público jovem e procuramos utilizar uma temática com notícias sobre a cooperação entre o Brasil e Guiné, com música, noticias e informações sobre o Brasil, sempre fazendo um link entre os temas a fim de despertar o interesse dos ouvintes", explicou Sónia.
As sessões de trabalhos da conferência, realizada no Palácio do Itamaraty, em Brasília, renderam muitas sugestões que deverão viabilizar a expansão da língua portuguesa internacionalmente. Após uma sessão inaugural concorrida, no sábado as sessões prosseguiram inflamadas por discursos repletos de sugestões e os participantes se empolgaram com as propostas. As sugestões apresentadas, convergiram para uma mesma ideia: que as iniciativas em prol da língua portuguesa utilizem ainda mais os meios de comunicação.
Os presentes, a maioria professores de universidades, utilizaram frases de filósofos e de pensadores para expressar sua posição perante o público. Não faltou também quem expusesse, desolado, sobre o baixo nível do português nas redações dos candidatos às universidades brasileiras, o que levou um dos participantes a pedir que seja pensado um ponto estratégico na educação que atenda o indivíduo enquanto criança, nos primeiros anos, porque acredita que é nessa fase que ele tem de receber um ensino que mude essa realidade, alimentando desde cedo a sua base de saber.
O conselheiro de imprensa da Embaixada de Portugal, Carlos Fino, destacou a intervenção da cantora e intérprete Maria Bethânia, na abertura da conferência, lembrando que há uma alma nessa comunidade de países lusófonos. "Mas para ela se firmar precisamos conhecer cada vez mais essa alma", afirmou Carlos Fino ao Portugal Digital. "Nada se firma só com o corpo, é preciso um espírito, e esse espírito ainda conhecemos pouco. Precisamos nos conhecer ainda mais, uns aos outros", garante Fino.
Na opinião do conselheiro, a lusofonia não pode ser uma forma em que as pessoas possam suspeitar de que há um interesse imperial português, fora do tempo. "Isso tem de ficar claro. E para que isso aconteça nada melhor do que nós conhecermos melhor a diversidade da comunidade da língua portuguesa, conhecer melhor o Brasil, o que se passa em Angola, em São Tomé e Príncipe, conhecer as especificidades de cada um que compõe essa comunidade", exemplificou.
Carlos Fino sugeriu que a televisão pode ter um papel neste processo. Ele colocou que poderia ser por um canal de TV (que poderia ser adquirido), ou até mesmo inserções em emissoras já existentes. Depois de sugerir esse salto, ele partiu para outro ponto: que se comentem histórias que os próprios povos desconhecem em programas de televisão para circular em diferentes países, em que explorem a história comum entre os países. "Portugal conhece pouca história portuguesa no Brasil", assinala.

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