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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Comissão do MEC: profissionais divergem sobre especialização em jornalismo

Por Izabela Vasconcelos, de São Paulo

A especialização em Jornalismo foi um dos temas discutidos na terceira e última audiência pública do MEC sobre a revisão das diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo, nesta segunda-feira, em São Paulo. “Existe uma necessidade de especialização, assim como acontece na Medicina, no Direito, e em outras áreas”, afirmou JB Oliveira, jornalista e presidente da Comissão de Relações Corporativas e Institucionais da OAB-SP, que abriu a audiência.
Caio Túlio Costa compartilhou a mesma opinião. “Defendo a formação ética e humanística e acredito que profissionais de outras áreas poderiam fazer uma especialização em Jornalismo”, alegou.
“Não me parece algo pertinente com o que estamos discutindo aqui, pensar em uma especialização em jornalismo de dois anos. Como proporcionar todos esses conhecimentos que estamos discutindo nesse curto período? Isso quer dizer que qualquer um poderia fazer Jornalismo”, contestou Celso Augusto Schröder, coordenador do Fórum Nacional de Democratização da Informação e vice-presidente da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj).
Schröder se referia a alguns temas apontados na audiência para as novas diretrizes dos cursos de Jornalismo, como multimídia, ética, políticas públicas, terceiro setor, regras e acordos internacionais, técnicas de investigação, linguagem visual e matemática, além da formação crítica. “Não vejo tempo para que todo esse conteúdo seja contemplado”, afirmou.
Sérgio Gomes, diretor da Oboré, também discutiu as exigências da profissão e o tempo para que o profissional adquira essa formação. “Não vejo tempo real para todos esses temas. Estão pensando em formar um senhor do conhecimento, um renascentista, que no fim irá ganhar quanto?”, indagou Gomes, destacando o reconhecimento na profissão.
Os participantes também discutiram a falta de atualização das grades curriculares em relação ao mercado de trabalho. “Essas divisões de jornalismo impresso, jornalismo radiofônico não fazem mais sentido. Parece que as escolas de Jornalismo estão formando jornalistas para a década de 70”, disse Eugênio Bucci.
“Muitos profissionais entram na faculdade pensando em atuar nas redações e acabam encontrando mais oportunidades na comunicação corporativa, muitas vezes sem estarem preparados. Por esse motivo acredito que deve haver alguma especialização nessa área, talvez no último ano de faculdade”, defendeu, entre outras sugestões, Eduardo Ribeiro, diretor da Mega Brasil.
Além desses convidados, a comissão de especialistas, presidida por José Marques de Mello e formada por Carlos Chaparro, Sérgio Mattos e Eduardo Meditsch, entre outros, ouviu representantes da sociedade civil, entidades do terceiro setor, estudantes e profissionais de outras áreas.
Hoje a Comissão de Especialistas se reúne para discutir os temas apontados na audiência e até o início de agosto deve concluir o relatório para as novas diretrizes curriculares dos cursos de Jornalismo. “Todo o conteúdo será avaliado e discutido. A intenção é que, se homologado, até 2010 estas diretrizes já estejam em vigor”, afirmou Cleunice Rehem, representante da Secretaria de Educação Superior (SESU/MEC).
“Devemos lembrar que isso não cabe somente ao MEC. Se a sociedade civil não se organizar, não teremos resultados plausíveis”, enfatizou Mello ao encerrar a audiência.

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